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  • ARTIGO | O amor vê o invisível – Olhares que se conectam pelo amor incondicional

    ARTIGO | O amor vê o invisível – Olhares que se conectam pelo amor incondicional

    Durante o mês de setembro fomos motivados/as a refletir sobre alguns textos que tratam o tema da essência do carisma vicentino em nossas realidades de missão. Sendo assim, neste artigo somos impulsionados/as a nos debruçarmos sobre dois aspectos no âmbito do amor incondicional, enfatizando os olhares de Jesus Cristo e São Vicente Paulo.

    Deus olha a nossa essência e conhece as motivações do nosso coração. Perguntemo-nos: o meu olhar de jovem membro da Associação está em sintonia com o olhar de Jesus Cristo? Devemos ter em mente que o carisma vicentino é a pupila dos nossos olhos que, em nossa própria identidade, deve estar dilatada sempre em direção aos pobres. Essa é a essência da Associação Mariana Vicentina.

    Tendo isso em vista, devemos sempre nos perguntar: como vemos e olhamos a realidade atual? Estamos abertos para uma mudança de visão? Às vezes temos medo de buscar novos horizontes, de nos desafiar diante do novo, e acabamos esquecendo que a pior cegueira é não querer mudar a direção do olhar para tentar enxergar a necessidade do outro, bem como nos aproximarmos daqueles que mais carecem de olhar humano. É preciso ter um olhar de compaixão, de ternura, cheio de calor e empatia. O nosso olhar deve vir do coração, de um coração que ama profundamente.

    Ter um olhar holístico e vicentino é saber olhar em profundidade sobre a dor e o sofrimento das pessoas. Ter um olhar direcionado é ter atitudes de acolhida, isto é, demostrar ao outro que ele é importante, independentemente de quem seja, pois é uma pessoa humana que está à nossa frente e ela precisa ser olhada com respeito, com a consciência de que todo ser humano é sagrado e traz em si o segredo de Deus.

    Convido você a pensar comigo nestes dois olhares: olhar de Cristo e São Vicente. O que eles nos dizem?

    Deixamo-nos olhar por Cristo? O olhar de Cristo nos incomoda, nos desinstala e muitas vezes nos desconcerta. Temos a coragem de nos deixarmos olhar por Ele?  Somente quando nos deixamos olhar pelo Senhor é que somos capazes de contemplar o que São Vicente contemplou.

    São olhares que nos movem, nos questionam e nos colocam em movimento. Ao contemplar algo é necessário fixar o olhar para identificá-lo e o olhar de São Vicente foi assim: um olhar de amizade, compreensão, perdão, amor e caridade.

    Olhar o mundo com a mesma ótica de Jesus e São Vicente é saber contemplar a realidade, observar o contexto, olhar para próximo e trazê-lo para junto de nós. Quando olhamos para o outro com um “Olhar de Caridade”, brota em nós o desejo de nos ocuparmos da situação, agimos com empatia e nos sentimos no dever de nos colocarmos no lugar daquele que sofre.

    O olhar de VICENTE DE PAULO esteve sempre aberto a todas as formas de vulnerabilidade do seu tempo e sempre se deixava tocar pelas realidades. O olhar vicentino é, sobretudo, cristão; exige profundidade, atenção e nos remete a uma reflexão, pois o poder do olhar é capaz de restituir o amor humano muitas vezes inebriado pelas misérias do nosso tempo.

    Somos Juventude Mariana Vicentina, pertencemos à Família Vicentina. Com Vicente aprendamos a olhar as realidades do nosso tempo, tendo em mente que não basta apenas olhar, ou seja, temos que ter a certeza de que o olhar é um compromisso que nos leva à contemplação, ao passo que deve nos levar a ação, imbuindo em cada um de nós uma responsabilidade intransferível.

    São Vicente partilhava do mesmo olhar que Jesus tinha, ou melhor, tem para com os Pobres. O olhar é algo humano, cheio de calor e pleno de vida. Antes de tudo, é preciso aprender a olhar e foi com o Olhar que Jesus acolheu os pobres e os desamparados daquela época, mudando as estruturas sociais e políticas que os oprimiam.

    Hoje existem diversas formas de pobrezas modernas, e nós como Associação jamais poderemos ficar alienados destas realidades que nos circundam. O Papa Francisco nos mostra um jeito novo de servir e de ser Igreja no mundo atual, sejamos nós protagonistas deste novo olhar, um olhar que resgata a vida e devolve a dignidade àqueles que caminham à margem da sociedade.

    Quando olhamos e somos olhados de uma forma real e verdadeira, acontece uma conexão inexplicável. Como podemos ler nos evangelhos, Jesus olha para os seus discípulos e a partir do olhar os chama para segui-lo.

    Peçamos a graça para enxergarmos as várias realidades do nosso tempo com o mesmo olhar de Deus e inspirados pelo olhar de São Vicente de Paulo; sejamos uma Juventude Mariana Vicentina capaz de olhar além, possuidora de um olhar humanizado e destemido que nos impulsione a levar a mensagem do dia 18 de julho a todos os espaços nos quais nos fazemos presentes e assim traçarmos novas metas que nos ajudem a Ser, Amar e Construir um mundo mais fraterno.


    Ir. Geovani de Fátima Domingues

    Filha da Caridade

    Assessora Nacional da JMV Brasil

  • ARTIGO | Um carisma em saída

    ARTIGO | Um carisma em saída

    Há duas semanas escutávamos na segunda leitura um dos textos bíblicos que mais me chama a atenção e, para mim, mais se assemelha ao Carisma Vicentino. O texto, de apenas cinco versículos, traz uma mensagem clara e muito impactante para nós cristãos e membros da família inspirada em São Vicente de Paulo: “A Fé sem obras é morta.” (Tg, 2,26).

    Escutando e lendo o texto, podemos analisar nossa vida como cristãos e vicentinos. Te convido a refletir: sou jovem, católico, vicentino, vou à missa todos os domingos, ajudo nos afazeres domésticos e me considero boa pessoa. Parabéns! Tudo isso é importante, mas e aí? Qual é o algo a mais, o nosso diferencial como cristão vicentino?

    Aqui cabe mencionar que o Carisma de São Vicente de Paulo é um carisma mais prático que teórico. Em 1617, na França, o padre Vicente acompanhava todo o sofrimento dos mais pobres. Diante de tanta desgraça, ele optou por ir à ação para combater as injustiças da época, não ficou de braços cruzados. Vicente não ficou na zona de conforto, sua vida foi de absoluta entrega a Deus e aos pobres. Tinha uma fé viva, com obras concretas; vivia o Evangelho no seu dia a dia.

    Respondendo à pergunta anterior, o nosso diferencial como membros da Juventude Mariana Vicentina é, como bem menciona a Carta de São Tiago, são as obras. Pra quê tenho fé se não a ponho em prática? A fé sem obras não vale nada, é morta. Guiados por Maria e inspirados por São Vicente de Paulo, temos ainda mais o dever de comprometer nos trabalhos sociais e colocar na prática a vivência da nossa fé. Precisamos ressuscitar nossa fé “colocando a mão na massa”. Podemos dizer que ter fé é fácil, mas ela precisa levar-nos a estender a mão àquele que sofre. Temos São Vicente como referência, que sem as “comodidades” que temos atualmente, ele buscaria levar o pão a quem passa fome.

    No contexto social conturbado que vivemos, há muitas pessoas que precisam da nossa ajuda. Não podemos dar as costas para o nosso irmão que sofre. Vale lembrar que quando não atendemos ao estrangeiro, enfermo, nu, prisioneiro e/ou ao estrangeiro, estamos deixando de atender ao próprio Cristo. “Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim”, (Mt 25: 44,45).

    O mundo está doente, com muitas misérias, então o que precisamos fazer para ajudar a combater as injustiças? Temos que mudar as estruturas. Mas como podemos fazer isso? Usando uma metáfora muito conhecida dentro da Família Vicentina: damos o peixe àquele irmão que tem fome, mas ensinamos a pescar. Se ajudamos diariamente ou a cada semana ele não vai sair dessa situação de pobreza. Temos que ajudá-lo e guiá-lo para que possa seguir em frente com as próprias pernas.

    Me atrevo a dizer, meus irmãos e irmãs, que não estaremos no Reino dos Céus se não cumprirmos o mandato de Jesus. Não nos salvaremos só com fé e nem somente com as obras. A fé e as obras devem andar juntas. Peçamos perdão a Deus por todas as vezes que negligenciamos ajuda aos mais pequenos e que Ele nos ajude a ser melhores pessoas e, assim como São Vicente fez, possamos ser testemunhas de alegria de ser cristãos de verdade.


    André Peixoto

    Jornalista, membro da JMV

    Ex-voluntário de língua portuguesa do Secretariado Internacional