Emocionante testemunho da presidente da JMV Síria no Simpósio da Família Vicentina em Roma

Na audiência da Família Vicentina com o Papa Francisco, Aida Baladi (Presidente da JMV Síria), teve a oportunidade de dá o seu testemunho de como é ser Presidente de um associação católica em um país tomado por uma guerra civil.
Foto: Cristian Gennari/Siciliani
Foto: Cristian Gennari/Siciliani

 

Confira abaixo o seu testemunho na integra:

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
3 Durante a viagem, estando já perto de Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu.
4 Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
5 Saulo disse: Quem és, Senhor? Respondeu ele: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão.
6 Então, trêmulo e atônito, disse ele: Senhor, que queres que eu faça? Respondeu-lhe o Senhor: Levanta-te, entra na cidade. Aí te será dito o que deves fazer.
Atos do Apóstolos 9:3

Meu nome é Aida Baladi e sou a responsável pela Juventude Mariana Vicentina na Síria.

Desde o dia em que me pediram para escrever um testemunho sobre Juventude Mariana Vicentina na Síria até agora, senti uma grande responsabilidade sobre meus ombros porque me pediram para falar sobre as duas coisas mais importantes da minha vida: Juventude Mariana Vicentina e minha amada Síria.

Portanto, vou fazer o meu melhor para usar estes minutos para mostrar ao mundo através deste Simpósio da Família Vicentina meu testemunho como Jovem Mariana Vicentina e cidadã síria.

Para tornar mais simples meu objetivo de falar com vocês, pedi ajuda ao melhor grupo que já conheci na minha vida: Juventude Mariana Vicentina.

A pergunta que fiz a cada um foi muito simples: “Você como membro e líder da Juventude Mariana Vicentina, que passou por situações difíceis, se alguém te perguntasse sobre este grupo na Síria, o que responderia?”.

As respostas foram puras, diretas, cheias de amor, ambição, determinação, fé e esperança; portanto, simplesmente vou partilhar com vocês algumas frases que escutei:

Primeira resposta:

✓ “Passamos por uma guerra desastrosa que nos forçou a interromper nosso esquema de atividades. Agora e graças a Deus estamos enfrentando a situação e sobrevivemos. Se algo aprendemos dessa guerra é valorizar todas as coisas que temos e a recomeçar do zero. Somos uma família, nos ajudamos uns aos outros e insistimos em uma mensagem para todo o mundo e essa mensagem é que nada impedirá que continuemos, porque somos jovens vicentinos, uma associação pedida pela mesma Virgem Maria e nós vamos permanecer sempre sob as bênçãos dela.”.

Outra resposta que tive foi:

✓ “Se Deus está com nós, quem pode estar contra nós? Romanos 8:31. Vamos perseverar com o nosso lema: “Viver”, “Contemplar” e “Servir”, através da Juventude Mariana Vicentina, com a ajuda de uns a outros. Agora, como líder catequista responsável, farei todo o possível para entregar às novas gerações da Juventude Mariana Vicentina os pensamentos de “Viver”, “Contemplar” e “Servir”.

Também alguém me respondeu:

✓ “Neste momento, não podemos deixar de lado a Juventude Mariana Vicentina. Foi parte de nossa infância, de nossa personalidade. A Juventude Mariana Vicentina é um estilo de vida, então, deixaríamos a um lado de nossa vida?”.

E a última resposta que tive:

✓ “A mensagem mais importante que devemos dar ao mundo como membros da Juventude Mariana Vicentina é “Amor” e a única coisa que o “amor” pede é “Coragem”. Porque a pessoa que ama não deixa o medo dominar. Nosso país vive uma situação infeliz que enfraqueceu muito no início, mas não permitimos que essa situação nos impedisse na entrega de nosso mensagem de “Amor” e serviço. Uma vez essa mensagem está em nossos corações, nenhuma crise fará que desesperemos. Mostramos e continuaremos mostrando ao mundo que há luz na escuridão.

Juventude Mariana Vicentina na Síria está dividida em quatro grupos e cada um tem um responsável. O número de membros diminuiu drasticamente nos últimos anos devido à crise. De 40 pessoas por grupo anteriormente, agora são entre 15 e 20, especialmente no grupo dos jovens.

Desde o princípio tentamos viver nosso slogan: “Viver, Contemplar e Servir”. Com isso, alcançamos muitas de nossas metas, vivendo nossa fé cristã com Maria, como pediu a Santa Catarina Labouré. O serviço tem sido o centro de nossa existência.

Houve um período de crescimento e prosperidade para Juventude Mariana Vicentina na Síria, tempo em que nossa Associação foi à organização de jovens cristã mais importante de nossa cidade, Damasco. Éramos conhecidos por nossas obras de caridade, voluntariado, diferentes atividades de arrecadação de fundos, acampamentos de verão e grupos de oração.

Quando a crise começou na Síria, em 2011, as dificuldades para fazer nossas atividades também começaram e isso nos afetou negativamente. Nossas reuniões semanais, acampamentos e outros eventos em sua maioria eram na Casa das Filhas da Caridade, o lugar que chamamos casa, mas está localizado em uma área perigosa, o que resultou no cancelamento de nossas atividades e reuniões.

Devido a essa situação, tivemos uma grande falta de pessoas, especialmente daqueles que considerávamos a coluna vertebral de nossa organização. Os membros que se encontravam com seus 20 anos se tornaram os principais apoiadores nas atividades. Os demais membros tiveram que viajar para fora do país devido a lamentável situação. Foi por essa razão que as atividades, especialmente aquelas que exigiam a realização de algum tipo de serviço, diminuíram nos últimos sete anos.

Mas hoje, agora, estamos de pé novamente. Assim como a situação na Síria está melhorando, nós também nos esforçamos para melhorar. Como indica nosso lema do ano passado: “O bom trabalho cresce em silêncio”, continuamos nos esforçando todos os dias.

Com as circunstâncias já mencionadas, estávamos em uma situação difícil. Tivemos que tomar decisões difíceis. Deveríamos parar nossas atividades permanentemente ou correr o risco de continuar, apesar das dificuldades e perigo em torno de nós? Então decidimos: decidimos viver, e fizemos isso porque somos Juventude Mariana Vicentina e porque somos sírios. Vivemos para a nossa organização e vivemos para a nossa cidade e foi essa decisão que nos tornou mais fortes do que nunca.

Como resultado, conseguimos restabelecer e continuar nossas atividades, por exemplo, desde que a guerra começou, não conseguíamos realizar nosso acampamento anual. Mas, em 2016, assumimos com determinação e voltamos a realizá-lo. Neste ano de 2017, tivemos a oportunidade de ter a presença de um querido amigo, o presidente internacional da Juventude Mariana Vicentina, Yancarlos Carrasco, que nos acompanhou durante todo o acampamento.

Hoje, celebramos festas de natal e participamos do “Atelier de Noelle”, que é uma espécie de oficinas para crianças na região de Damasco, não só para os nossos membros, onde fazem decorações de Natal à mão. Nós também fazemos algumas noites de campismo (pequenos acampamentos de 2 noites) na casa das Filhas da Caridade, o mesmo lugar onde realizamos nossas reuniões, com muita de oração, jogos e muitas risadas.

Além disso, gostaria de enfatizar a importância de algumas pessoas que, sem a colaboração e a oração, seriam impossíveis de continuar. As Filhas da Caridade, na pessoa de Ir. Monique Kharouf, nossa assessora. Também a participação do padre Charbel Naim, nosso capelão, que iniciou seu trabalho no ano passado e nos ajuda sem medida. A espiritualidade de São Vicente de Paulo não estaria presente em nós se não fosse por essas pessoas importantes em nosso grupo.

Como membros da Família Vicentina em Damasco, estamos tentando trabalhar em conjunto com os outros ramos em objetivos comuns, pois somos mais fortes se estamos unidos enquanto fazemos realidade o carisma vicentino. Graças à situação do passado e a melhoria que estamos experimentando agora, estamos unindo forças em favor do nosso objetivo de uma caridade guiada pelo espírito de São Vicente de Paulo.

As palavras mais comuns usadas para descrever o nosso sentido de pertença são: o amor que é dado sem esperar nada em troca; família; alegria luz; estilo de vida; juntos somos fortes; portadores de uma mensagem; tempos ruins e bons; pontos fortes e responsabilidades.

Com a situação do nosso país, a melhor terapia para a juventude é permanecer unidos na oração, unidos em um lugar ao qual pertencemos e o sentimento de liberdade para entregar a mensagem através de Maria para Jesus, viver a “Vida”, “Contemplar” e “Servir” “como nosso lema.

Além disso, todos nós somos convidados a participar do nosso lema para este ano de 2017, que é “Fui forasteiro e me acolheste…” (Mateus 25)

Dentro de cada um de nós há “Amor” que torna mais intenso o sentido de pertença e também cria felicidade.

Por último, mas não menos importante, gostaria de fechar este momento dizendo que os sete anos de guerra não nos tornaram covardes, não corremos, não escondemos. Pelo contrário, a guerra nos tornou mais fortes, mais unidos, com um maior sentimento de pertença ao nosso país ao fazer parte da Juventude Mariana Vicentina em Damasco.

Gostaria especialmente de agradecer a todos aqueles que colaboraram conosco, especialmente aqueles que possibilitaram a nossa participação neste simpósio, o Padre Ziad Haddad, o Padre Charbel Naim, a Irmã Monique Kharouf e outros.

Estou muito agradecida e obrigado ao Papa Francisco que sempre reza pela paz na nossa querida Síria.

Paz para nossa Síria
Aida Baladi
Obrigada.

Tradução de: FAMVIN.org

Confira abaixo o testemunho em vídeo: